Na semana de 21 a 29 de setembro, o Instituto Melhores Dias foi participante oficial da Semana Latino-Americana de Esporte e Atividade Física (Semana MOVE), que chegou à sua 7ª edição. No Brasil, o evento é organizado pelo SESC (Serviço Social do Comércio).
Nosso Instituto mobilizou 21 escolas públicas dos Estados do Paraná e de São Paulo onde realizamos nossos programas. Foram seis estabelecimentos de ensino na cidade de Paranavaí (PR), sete na cidade de Ribeirão Claro (SP) e oito em São Bernardo do Campo (SP). Promovemos atividades físicas para cerca de 5.000 alunos e 10.000 pessoas das comunidades próximas.
É uma ação importantíssima no Brasil onde, em 2018, de acordo com pesquisa do Ministério da Saúde, mais da metade da população (55,7%) tem excesso de peso e 19, 8% estão na faixa de obesidade. O aumento na obesidade foi de 67,8% nos últimos treze anos: saindo de 11,8% da população em 2006 para os 19,8% em 2018.
São números assustadores. Mas a Semana Move apresentou também números esclarecedores sobre a relação entre posição social e oportunidades. O Sesc solicitou uma pesquisa ao Ibope Inteligência sobre o hábito de se fazer atividades físicas dos paulistanos. Todos os participantes oficias do evento tiveram acesso aos resultados, que foram apresentados em 26 de setembro.
A pesquisa, que recebeu o nome Viver em São Paulo, foi realizada a partir de uma amostra de 800 entrevistas com de moradores da cidade de São Paulo de 16 anos de idade ou mais (que equivalem a um universo de 9.807.023 habitantes).
Sedentarismo aparece como um grande problema: 48% dos paulistanos com 16 anos ou mais (4.707.371 dos habitantes) são sedentários. Os principais fatores que diferenciam esse grupo daqueles que praticam atividade física regular são: a classe social, a renda, a escolaridade e a raça.
É triste e preocupante avaliar que quanto menor a renda e a escolaridade, menor a possibilidade de praticar uma atividade física, que proporciona melhor saúde e menor chance de obesidade e sobrepeso – problemas que tanto hipertrofiam o sistema público de saúde. Destes, 62% são mulheres; 61% são da Classe C; 51% são pretos e pardos; 50% têm renda familiar de até dois salários mínimos; 39% completaram até o Ensino Fundamental; 36% têm 55 anos e mais; 34% são moradores da região leste.
Ou seja, sem uma mobilização política e social, o problema de saúde da população paulistana só vai aumentar. A pesquisa revela que pouco tem sido feito para mudar este cenário para as novas gerações. Apesar de a maioria dos entrevistados que tem filhos ou moram com crianças declarar que as escolas em que eles estudam oferecem algum tipo de atividade física ou aula de educação física, 17% das escolas, públicas ou privadas, não oferecerem atividades físicas ou aula de educação física – disciplina que faz parte do currículo escolar da educação básica. E as escolas que oferecem atividade física são em sua grande maioria de segundo grau, deixando a primeira infância e os anos iniciais do fundamental, desassistidos.
A obesidade cresce enquanto diminui a oferta de atividades para o físico. Os locais privados como academia e clubes são mais citados como ambientes de prática de atividade física ou esporte por aqueles que trabalham, enquanto as praças e parques e a própria casa são mais apontados por aqueles que não trabalham. Isso destaca a importância de haver espaços públicos para prática esportiva e de lazer com segurança.
Há muito que se pensar e, principalmente que se fazer. O Instituto Melhores Dias desenvolve programas voltados para a prática de atividades físicas, participa ativamente da Semana Move e procura mobilizar a população para refletir sobre isso. Mas uma organização é pouco. É preciso muito, muito mais para termos menos sobrepeso e mais saúde.
Artigo de Joyce Capelli, Presidente do Instituto Melhores Dias