Há tempos, o nosso Instituto Melhores Dias acompanha, por meio de seus programas e exames realizados, o crescimento paulatino e cruel da obesidade da população, como se fosse de uma doença silenciosa e implacável acometendo o Brasil.
Nossa preocupação foi agora novamente constatada por um documento feito pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e pela FAO (Organização para a Alimentação e a Agricultura), publicado no dia 8 de julho, que mostra que, na América Latina e no Caribe, 25% da população sofre de obesidade e 60% têm sobrepeso.
“Perspectivas agrícolas 2019-2028” é o nome do relatório. Nele, há trechos que parecem ter sido retirados de documentos que redigimos nos últimos anos com foco no Brasil como, por exemplo, a existência do “triplo ônus da má nutrição”: subalimentação, obesidade e falta de micronutrientes, responsáveis por um problema de saúde pública cada vez mais grave nas crianças.
Especialistas da FAO e da OCDE descobriram o que os programas do Instituto Melhores Dias têm enfrentado nas últimas décadas: a obesidade atinge principalmente os setores mais pobres da população, as mulheres, as pessoas de ascendência africana e as crianças. As taxas de sobrepeso e de obesidade estão acima do nível médio mundial existente há mais de 40 anos. Infelizmente, estamos atrás apenas dos Estados Unidos, que é o país mais obeso do mundo.
O documento alerta ainda para o fato de que o número de pessoas em situação de insegurança alimentar aumentou pelo terceiro ano consecutivo. Trata-se de um cenário complexo ao analisarmos que isso ocorre justamente onde há produção agrícola abundante e com forte exportação. Mas o custo destes produtos para os consumidores pobres é alto, tornando-os inacessíveis para populações carentes.
Outro fato que vale ganhar destaque é o aumento do consumo de proteínas de origem animal, em uma região onde a dieta costumava ser rica em cereais, raízes, tubérculos e legumes. A Organização Mundial da Saúde (OMS), outra agência da ONU, recomenda que a proporção de açúcares e gorduras não supere 10% e 30%, respectivamente, das calorias totais diárias consumidas.
Como nos programas e ações do Instituto Melhores Dias, o documento reforça a necessidade de políticas públicas para contenção desse mal insidioso. O relatório destaca a lei sobre alimentação nas escolas no Brasil, que inclui, desde 2018, o assunto Educação Alimentar no currículo, tema que veio ao encontro da nossa atuação de 26 anos na educação pública brasileira.
Nosso instituto, respaldado pela preocupação deste documento internacional, tem a sua atuação fundamentada, mas ainda estamos longe da conscientização necessária para obtermos todos os recursos essenciais para nossos programas e iniciativas.